Sobre a URSS

 

Союз Советских Социалистических Республик
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
 

 

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (em russo: Союз Советских Социалистических Республик - CCCP, transl. Soyuz Sovetskikh Sotsialisticheskikh Respublik, pronuncia-se Sayuz Savietskikh Sotsyalistitcheskikh Respublik), também conhecida por União Soviética[1] ou simplesmente URSS, foi um país de proporções continentais, declaradamente socialista que existiu na Eurásia de 1922 a 1991.

Emergindo do Império Russo após a Revolução Russa de 1917 e a Guerra Civil Russa (1918–1921), a URSS foi uma nação constituída de várias repúblicas soviéticas, porém a sinédoque Rússia — após a RSFS Russa — é o maior estado constituinte e o mais populoso, que é comumente usado referindo-se ao Estado por completo. Os limites geográficos da União Soviética variaram com o tempo, porém após últimas as maiores anexações territoriais dos países bálticos, do leste polonês, da Bessarábia, e alguns outros territórios durante a Segunda Guerra Mundial, de 1945 até sua dissolução, as fronteiras, aproximadamente, correspondem às do Império Russo, com exclusões da Polônia e da Finlândia.

Como o maior e mais antigo Estado constitucionalmente socialista em existência, a União Soviética tornou-se o modelo primário para futuras nações socialistas durante a Guerra Fria; o governo e a organização política do país foram definidos pelo único partido político, o Partido Comunista da União Soviética.

De 1945 até sua dissolução em 1991 — o período conhecido como Guerra Fria — a União Soviética e os Estados Unidos da América foram as únicas duas superpotências mundiais que dominavam a agenda global de política econômica, assuntos externos, operações militares, intercâmbios culturais, avanços científicos, incluindo o pioneirismo na exploração espacial, e esportes (incluindo os Jogos Olímpicos e vários outros campeonatos mundiais).

A União Soviética, durante a Guerra Fria, havia crido um poderoso bloco socialista que se estendia da Europa Oriental até a América, passando pelo Extremo Oriente, Sudeste Asiático, Oriente Médio e pela África. Esse bloco era a área de influência direta soviética e se submetia aos comandos econômicos, políticos e militares de Moscou.

Inicialmente criada como a união de quatro Repúblicas Soviéticas Socialistas, a URSS cresceu até chegar a conter 15 "repúblicas unidas" em 1956: RSS da Armênia, RSS do Azerbaijão, RSS da Bielorrússia, RSS da Estônia, RSS da Geórgia, RSS do Cazaquistão, RSS do Quirguize, RSS da Letônia, RSS da Lituânia, RSS da Moldávia, RSFS da Rússia, RSS do Tadjique, RSS do Turcomenistão, RSS da Ucrânia e RSS do Uzbequistão.

A Federação Russa é a sucessora da URSS. O país é membro líder da Comunidade dos Estados Independentes.

 

Lema nacional
Пролетарии всех стран, соединяйтесь!
(em russo Trabalhadores de todos os países, uni-vos!)

História da União Soviética

Ver artigo principal: História da União Soviética

A história da União Soviética começa com a Revolução de 1917 numa tentativa de implementar o comunismo a larga escala por Vladimir Lenin, até ao colapso da União Soviética em 1991, quando o seu governo centralizado foi dissolvido.

[editar] Revolução de 1905

Ver artigo principal: Revolução Russa de 1905

O ano de 1905 é considerado o prólogo da Revolução Russa. A Rússia Czarista acabara de ser derrotada numa guerra contra um Japão pequeno e tecnologicamente atrasado. A derrota abalou a popularidade do Czar Nicolau II, e a revolta interna que se seguiu serviria de precedente para a revolução de 1917.

 
Manifestantes marchando em direção ao Palácio de Inverno

[editar] Revolução de 1917

Ver artigo principal: Revolução Russa de 1917

O Partido Operário Social-Democrata, dividido nas correntes Bolchevique e Menchevique, em russo maioria e minoria respectivamente - iniciou a Revolução Russa em 1917, em duas etapas distintas. A queda do czar ocorreu em fevereiro, sendo instaurada então uma república cuja estrutura de poder desde cedo se dividiu entre um parlamento convencional e sovietes (conselhos) populares que não se reconheciam mutuamente. As tensões assim geradas desembocaram na Revolução de Outubro, em Novembro de 1917. Nesta revolução destacou-se Vladimir Ilitch Lenin, atuando na liderança dos bolcheviques.

O atraso da Rússia czarista pode ser evidenciado pelo calendário adotado: o juliano, em desuso no ocidente desde a adoção do calendário gregoriano no século XVI e adotado pela Rússia até fevereiro de 1918. Entre estes dois calendários há um atraso de 13 dias. Essa é a razão de que os meses em que ocorreram estes movimentos não coincidem com os nomes a eles atribuídos.

[editar] Guerra Civil

Ver artigo principal: Guerra Civil Russa

Entre 1918 e 1922, logo após a Revolução Bolchevique, teve início a Guerra Civil na Rússia, entre os revolucionários (exército vermelho) e os contra-revolucionários (exército branco), que tiveram o auxílio de tropas estrangeiras de intervenção, enviadas pela França, Reino Unido, Japão e Estados Unidos e mais 13 países. Os czaristas pretendiam acabar com o governo bolchevique e evitar que os ideais comunistas da Europa Ocidental se espalhassem. A guerra foi extremamente sangrenta, massacrou ambas as partes por três anos e acabou sendo vencida pelo Exército Vermelho. Os bolcheviques tomaram novamente o poder, organizados pelo Partido Comunista.

Esta guerra abalou ainda mais a economia russa, impedindo a implantação do socialismo.

[editar] Nova política econômica

Lenin implementou a Nova Política Econômica (NEP), que recuperou alguns traços de capitalismo para incentivar a nascente economia soviética. Desta forma, o PC russo e o governo dos sovietes pretendiam reconstruir a economia russa devastada pela invasão estrangeira e pela resistência das classes proprietárias a perda de seus incomensuráveis privilégios. A NEP, segundo Lenin, consistia num recuo tático caracterizado pelo restabelecimento da livre iniciativa e da pequena propriedade privada, admitindo o apoio de financiamentos estrangeiros. Lenin teria dito: "Um passo atrás para dar dois à frente".

[editar] Economia planificada e expurgos

 
Prisioneiros de um campo do gulag no trabalho, 1936-1937


No ano de 1936, o regime de Josef Stalin expulsou ou executou um número considerável de membros do Partido, entre eles muitos dos seus opositores, nos atos que ficaram conhecidos como os "Grandes Expurgos".

Apesar de tudo, eles acreditavam que este seria o caminho para o comunismo, mas o rumo dessa forma social já estava traçado de forma totalmente distinta do que Marx e Lenin pensavam, não mais sendo uma forma voltada para a dissolução do próprio Estado e das classes sociais, mas agora, o regime sob o comando de Josef Stalin, já era uma forma social voltada para a cristalização (a idéia de socialismo dentro de um só país). Entre as coisas que foram feitas com esse efeito contam-se as nacionalizações e a aniquilação física da classe burguesa que o NEP havia recriado, com recurso aos gulags (campos de trabalho na Sibéria). Alguns teóricos criticam esta forma que Stalin utilizou para liquidar a propriedade privada, por não concordarem com ela, e por acharem que ela só mancha a imagem do comunismo perante o mundo pois o mesmo efeito poderia ter sido obtido sem a aniquilação física daquela classe. O desastre e a truculência autoritária das políticas stalinistas contribuíram muito para a deturpação do conceito criado por Marx, de ditadura do proletariado.

Após as nacionalizações, a economia foi planificada, de modo a que esta pudesse tirar proveito da sua nacionalização. De 5 em 5 anos passou-se a realizar planos quinqüenais, nos quais se decidiam que fundos seriam aplicados e em que áreas.

[editar] Grande Guerra Patriótica

De 1941 a 1945, a participação da União Soviética na Segunda Guerra Mundial ficou conhecida como a Grande Guerra Patriótica, combatendo os soviéticos contra as forças invasoras da Alemanha nazi, ao lado dos Aliados ocidentais.

A Barbarossa (como foi chamada a operação de invasão da União Soviética pela Alemanha) teve início em 22 de Junho de 1941 quando três grupos de exércitos, totalizando mais de 191 divisões da Alemanha e seus aliados, atravessaram as fronteiras da então União Soviética. O Grupo de Exércitos Norte comandado por Von Leist tinha como objetivo ocupar as bases navais do mar Báltico e tomar Leningrado (segunda maior cidade e berço da revolução comunista - atualmente São Petersburgo) o Grupo de Exércitos Centro, comandando por Von Bock, visava avançar pela estrada de ferro de Varsóvia a Moscou ocupando as cidades de Minsk, Smolensk, Viazma e Moscou (maior cidade e capital do Poder Soviético). E o Grupo de Exércitos Sul, comandado por Von Rudstedt, pretendia ocupar toda a Ucrânia (o "celeiro" da nação, pela grande produção de cereais). O avanço das tropas do Eixo foi fixado no seu avanço máximo em torno da linha que ia de Arkhangelsk ao norte e Astrakhan ao sul.

 
Stalin encontra Harry Truman e Clement Attlee em 1 de agosto de 1945, em Berlim, ao final da Segunda Guerra Mundial
 

O Exército Vermelho (assim chamado desde os tempos da guerra civil), apesar dos avisos vindos de várias fontes, foi apanhado de surpresa, fato este que possibilitou o fácil e rápido avanço das forças invasoras. Passando a surpresa inicial e arregimentado pela liderança do líder soviético Josef Stalin, os povos de todas as repúblicas soviéticas conseguiram resistir - no entanto, não sem sofrerem numerosas perdas humanas e materiais, tendo um terço do território na Europa (a mais rica e populosa) caído na mão do inimigo. Calcula-se que perto de 5 milhões de soldados do Exército Vermelho tenham sido mortos, capturados ou feridos nos primeiros 6 meses da guerra.

Apesar das significativas vitórias dos exércitos nazi-fascistas nas batalhas de Minsk, Smolensk, Viazma e Kiev, entre outras, a tenacidade da resistência dos soldados soviéticos, acrescentada pela mobilização do povo soviético diante do inimigo, fez com que a máquina de guerra nazista não alcançasse seus principais objetivos, que eram destruir o exército soviético e conquistar as principais cidades do país: Leningrado e Moscou.

A estratégia do Alto Comando Soviético (Stavka) no início facilitou a invasão, pois determinou que todas as unidades militares onde estivessem seguissem em direção à fronteira para barrar o avanço do inimigo. Com isso, as operações de cerco e destruição ficaram mais fáceis para os exércitos alemães. A partir de Outubro de 1941, com a reorganização do comando soviético, a estratégia adotada era de resistir onde era possível e retirar-se para ganhar tempo. Enquanto as operações estavam em andamento, ao mesmo tempo, iniciava-se uma grande operação de evacuação de toda a indústria e maquinaria que pudesse ter algum valor militar. O material foi transferido para os montes Urais, Ásia Central Soviética e para a Sibéria. O que era deixado para trás era destruído na retirada (a chamada "política da terra arrasada"). Enquanto isso, na retaguarda, as populações deixadas para trás organizavam grupos de guerrilha e sabotagem, prejudicando a logística das forças invasoras.

Esse nível de atrito era até então desconhecido pelos alemães (calculam-se em um terço as perdas das forças nazistas nos primeiros seis meses), que até então tinham obtido diversas vitórias (Polônia, França, Países Baixos, Bélgica, Noruega, Dinamarca, Iugoslávia, Luxemburgo e Grécia) com perdas insignificantes.

 
Imagens da vitória:
Em cima: soldado desfralda a bandeira soviética sobre a praça de Stalingrado. Em baixo: tropas confraternizando em meio às ruínas.
 

Na batalha de Moscou, os soviéticos comandados pelo Marechal Georgy Zhukov finalmente conseguiram deter os alemães. A partir de Dezembro de 1941, em pleno inverno, iniciaram uma grande contra-ofensiva que fez ruir por terra a Blitzkrieg (guerra relâmpago) nazista.

Os soviéticos conseguiram "empurrar" os alemães de volta à Alemanha para, por fim, aí derrotar os seus exércitos. Quando as tropas soviéticas estavam em Berlim, pouco antes de alcançarem Hitler, ele suicidou-se (30 de Abril de 1945).

 

[editar] A Guerra Fria e a União Soviética

Com o final da Segunda Guerra Mundial, a Europa estava arrasada e ocupada pelos exércitos das duas grandes potências vencedoras, os EUA e a URSS. O desnível entre o poder destas duas superpotências e o restante dos países do mundo era tão gritante, que rapidamente se constitui um sistema global bipolar, ou seja, centrada em dois grandes pólos.

Os EUA defendiam a economia capitalista, argumentando ser ela a representação da democracia e da liberdade.Em contrapartida a URSS enfatizava o socialismo como resposta ao domínio burguês e solução dos problemas sociais.

Sob a influência das duas doutrinas, o mundo foi dividido em dois blocos liderados cada um por uma das superpotências: a Europa Ocidental e a América Central e do Sul sob influência cultural, ideológica e econômica estado-unidense, e a maior parte do Leste Asiático, Ásia central e Leste europeu, sob influência soviético. Assim, o mundo dividido sob a influência das duas maiores potências econômicas e militares da época, estava também polarizado em duas ideologias opostas: o Capitalismo e o Socialismo.

 

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os países europeus estavam semi-destruídos e sem recursos para se reconstruirem sozinhos, com isso as superpotências resolveram ajudar cada um de seus aliados, com objetivo de não perderem áreas de influência. Os Estados Unidos propõe a criação de um amplo plano econômico, o Plano Marshall, que tratava-se da concessão de uma série de empréstimos a baixos juros e investimentos públicos para facilitar o fim da crise na Europa Ocidental e repelir a ameaça do socialismo entre a população descontente.

A União Soviética propôs-se a ajudar seus países aliados, com a criação do COMECON (Conselho para Assistência Econômica Mútua). O COMECON fora proposto como maneira de impedir os países-satélites da União Soviética de demonstrar interesse no Plano Marshall, e não abandonarem a esfera de influência de Moscou.

Em 1949 os EUA e o Canadá, juntamente com a maioria da Europa capitalista, criaram a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar com o objetivo de proteção internacional em caso de um suposto ataque dos países do leste europeu.

Em resposta à OTAN, a URSS firmou entre ela e seus aliados o Pacto de Varsóvia (1955) para unir forças militares da Europa Oriental. Logo as alianças militares estavam em pleno funcionamento, e qualquer conflito entre dois países integrantes poderia ocasionar uma guerra nunca vista antes.
 

Este cenário de tensão mundial perdurou até 1991, quando a União Soviética acabou e conseqüentemente o fim de uma grande ameaça ao capitalismo e aos Estados Unidos. A Guerra Fria durou cerca de 45 anos e durante esse período o mundo já esteve perto da Guerra Nuclear várias vezes.

[editar] "Desestalinização"

Ver artigo principal: Era Khrushchov-Brejnev

Stalin morreu em 5 de março de 1953, deixando um vazio de poder que levou a uma disputa interna no PCUS (Partido Comunista da União Soviética) pela liderança, entre Malenkov, Beria, Molotov e Khrushchov - este último vencedor. Como sucessor de Stalin, Khrushchov empreendeu uma política de denunciar os abusos do seu antecessor. Durante o Congresso de 1956 do PCUS, Khrushchov divulgou uma série de crimes de Stalin, renegando a herança do estalinismo, estabelecendo, assim, uma nova postura e criando um novo paradigma para o comunismo internacional. A propaganda capitalista se utilizou muito dos argumentos engendrados por Khrushchov para fazer frente à URSS.

Não existe consenso quanto à contagem de vítimas do stalinismo. Determinadas estatísticas afirmam que entre 20 a 35 milhões de soviéticos morreram por fome, frio ou executados em campos de concentração ou de trabalhos forçados durante a época de Stalin.[2]

[editar] Corrida espacial

Ver artigo principal: Programa espacial soviético

Como resultado da guerra fria, a União Soviética viu-se envolvida em uma corrida pela conquista do espaço com os EUA.O programa espacial soviético começou com uma grande vantagem sobre o dos EUA. Devido a problemas técnicos para fabricar ogivas nucleares mais leves, os mísseis lançadores intercontinentais da URSS eram imensos e potentes se comparados com seus similares estadunidenses. Logo, os foguetes para seu programa espacial já estavam prontos como resultado do esforço militar soviético resultante da guerra fria. Assim, na época em que a Sputnik foi lançada, a capacidade de lançamento da URSS era de 500 kg, enquanto que a dos EUA era de 5 kg. A União Soviética foi a nação que tomou a dianteira na exploração espacial ao enviar o primeiro satélite artificial, o Sputnik, e o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin. Grande parte dos feitos espaciais da União Soviética devem-se ao talento do engenheiro de foguetes Sergei Korolev, o engenheiro-chefe do programa espacial soviético, que convenceu o líder Nikita Kruschov da importância da conquista do espaço.

 

 
Acoplagem das naves Apollo e Soiuz: Em 1975, por conseqüência da distensão promovida por Brejnev, a corrida espacial se encerrava, dando lugar a um progresso científico espacial comum.

[editar] Anos Brejnev: O retorno do Stalinismo, o Progresso Econômico e a Estagnação

A política de Brejnev

A deposição de Khrushchov e a posse de Leonid Brejnev representaram a volta da burocracia no poder, burocracia esta que existia na União Soviética desde os anos 30, mas que foi camuflada por Khrushchov para não se assemelhar a Stálin.[3]
Brejnev desenvolveu a política de Brejnevismo, uma política neo-stalinista, que pretendia manter a União Soviética como eixo socialista no mundo, esta política era caracterizada stalinista por manter a hegemonia socialista, promover o culto da personalidade e manter uma burocracia na política, burocracia que, segundo Brejnev era impossível de remover sem apelar para meios utópicos.[4]
 

 
Erich Honecker e Leonid Brejnev recebem flores - Durante os anos Brejnev, as relações entre a Rússia e a Alemanha nunca estiveram tão cordiais e próximas.
 

Segundo ele, cada país deveria se unir e seguir um eixo comum: o caminho do socialismo para alcançar o comunismo, para ele, se cada país seguisse um caminho distinto, o comunismo nunca seria alcançado, mais tarde, Mikhail Gorbachov faria justamente isto, permitiria que cada país seguisse seu caminho, e o resultado disto foi o desmoronamento do socialismo nestes países, o que demonstra que a teoria de Brejnev é correta.[5]
Brejnev tentaria reabilitar o nome de Stálin, que não era pronunciado pelos líderes soviéticos havia quase dez anos, mas não conseguiu, uma vez que as autoridades e o povo ficaram "chocados" com o que dissera Khrushchov a respeito de Stálin, mas a simbologia comunista na época de Brejnev, incluindo propagandas socialistas, paradas e desfiles militares e o próprio culto à personalidade.
Mesmo assim, fez uso de algumas práticas, desde o culto à personalidade até as táticas de combate, de qualquer forma, o seu regime político e de seus dois sucessores tiveram características stalinistas, entre elas a grande atividade da espionagem, ainda que desta vez mais externamente do que internamente e o grande nível de expulsões do país à cidadãos contrários ao regime, incluindo a célebre expulsão de Alexander Soljenítsin da URSS. Foi durante a gestão de Brejnev que o hino soviético recuperou sua letra e propagandas anti-imperialistas eram lançadas na imprensa. [6]
Durante esta época, a URSS conseguiu atingir seu auge político, militar e econômico, tendo grande influência em todo o mundo, desde a economia até os esportes.[7]
Unindo ao medo americano do avanço comunista, Brejnev conseguiu um dos maiores arsenais e o maior exército do mundo, o que levou a um medo de uma guerra próxima, que por conseqüência levou à tratados de paz, que junto de outras táticas de pacificação conseguiu se distender com o ocidente, ficando conhecido com o nome de distensão.[8]
Apesar de pacificar as coisas, diversas guerras a mando de Brejnev ocorreram, como a invasão da Tchecoslováquia em 1968, até a do Guerra do Afeganistão em 1979.[9]
Uniu-se com a Iugoslávia e denunciava freqüentemente a aproximação chinesa com os Estados Unidos, mas por final, acabou entrando em consenso com a China em uma neutralidade. Na política interna, Brejnev permitiu a emigração de judeus para Israel, alegando que o correto era manter os problemas longe.[10]
Visitava fábricas, casas e fazendas para cumprimentar os cidadãos e perguntar como iam as coisas, e sempre dizia que podiam suportar tudo, em exceção da guerra.[11]

 
Brejnev assiste a uma parada na Alemanha Oriental junto a Erich Honecker
 
 
Richard Nixon e Leonid Brejnev discutem: Os anos Brejnev foram caracterizados por muitas discussões e diplomacia
 

Brejnev sempre valorizava o interesse da classe trabalhadora, e dificilmente negou pedidos e sugestões do proletariado soviético.[11]
Sob sua gestão, a saúde e educação se tornaram prioridades, mantendo erradicado o analfabetismo e dando saúde, remédios e atendimento médico para todos os cidadãos, inclusive estrangeiros. A taxa de cidadãos abaixo da linha de pobreza durante sua gestão era de 1,5%. A Rússia nunca mais chegou até este nível.[12]

 

Estabilidade e Estagnação

Entre 1956 e meados dos anos 1970, a União Soviética atingiu seu auge geopolítico e tecnológico. Foi a fase de maior crescimento econômico, envolvendo o esforça da reconstrução pós-II Guerra Mundial e a competição com os EUA no início da Guerra Fria.
Entretanto, a partir do final dos anos 1970 começam a ficar claras as limitações do modelo soviético de economia planificada.
 

A crise do petróleo dos anos 70 elevou a economia soviética, podendo o povo, em pleno regime socialista, consumir mais, muitas famílias puderam comprar novas tecnologias a mais, automóveis, fornos microondas e aparelhos eletrônicos, não eram novidade para muitos, mas mais de um automóvel e diversos aparelhos eletrônicos eram um sonho que dependiam de muita economia, e que agora tornava-se realidade para muitas famílias, dando um conforto material muito maior, sem ferir os princípios socialistas. O bem estar foi tanto, que as autoridades soviéticas chegavam a dizer que os países capitalistas estavam em crise.[12]
Por este profundo desenvolvimento econômico, político e militar, a economia soviética acabou estagnando no final dos anos 70, mas tal estagnação nem sequer chegava a ser classificada como crise, e nem previa que mais tarde, esta pequena estagnação se transformaria em uma crise profunda a ponto de desestruturar a economia soviética.
Como a estagnação dos anos 1970 se transformou em uma crise profunda nos anos 80 a ponto de desestruturar a economia soviética é objeto de discusões até os dias de hoje. A comparação com a China que realizou uma transição mais bem sucedida para o capitalismo tem auxiliado a avaliar melhor o peso dos fatores estrutrurais e cojunturais nesta crise.[13]

Em termos estruturais a economia planificada talvez tenha sido a principal responsável pela crise, pois exigia que tudo que fosse produzido em todos os setores da economia estivesse planejado nos planos quinquenais. Na prática isto criava distorções, como excesso de determinados produtos (indústrias de base e de bens de capital) e escassez de outros (bens de consumo). Quando a produção de determinado produto era insuficiente para atender o consumo, ao invés dos preços subirem até inibir a demanda (como costuma ocorrer em uma economia de mercado) os produtos simplesmente se esgotavam e desapareciam da lojas e prateleiras dos supermercados.

 
Gerald Ford assina o acordo SALT I com Leonid Brejnev em 29 de Novembro de 1974
 
 
Jimmy Carter e Leonid Brejnev assinam o SALT II em 18 de junho de 1979 em Viena
 

Na prática os planos quinquenais tornavam a economia pouco flexível para enfrentar as flutuações de mercado internas ou externas. Quando havia uma seca ou problema na agricultura, e a produção de um determinado produto, por exemplo trigo, era inferior ao planejado, isto gerava uma série de problemas, pois faltava farinha e pão, e as metas de produção destes produtos também não era atingida.
 

A economia planificada também acabou sendo direcionada para o fortalecimento dos setores industriais mais tradicionais, que tinham mais capacidade de lobbie junto à burocracia do partido. Assim, as grandes estatais, por exemplo do ramo siderúrgico, conseguiam mais verba para expandirem sua produção, mesmo quando havia excesso de aço na economia soviética. Os setores de bens de consumo tammbém eram relegados ao segundo plano e recebiam menos investimentos em tecnologia. A maior parte da inovação tecnológica ficava concentrada nos setores bélico e aeroespacial, e diferentemnte dos Estados Unidos, onde as tecnologias duais eram transferidas para o setor civil (onde geravam novos produtos), na URSS as inovações eram tratadas como segredo de Estado e não contribuiam para dinamizar a economia. Em suma, os planos quinquenais acabavam priporizando o setor da indústria bélica em detrimento dos setores civis.

No início dos anos 80, Com Leonid Brejnev em uma saúde precária, o poder do país já acaba sendo dividido e exercido entre Iuri Andropov e Konstantin Chernenko, que mais tarde se tronariam os sucessores de Brejnev. Os anos de Andropov e Chernenko seriam caracterizados pela continuação da política de Brejnev, um extremismo comunista, uma melhora na saúde e educação e repressão nos movimentos anti-comunistas nos países do leste, alguns acreditam que o regime de Chernenko fora mais repressivo do que o de Brejnev, mas ambos os regimes tiveram uma grande opressão à movimentos que se opussessem ao comunismo muito semelhantes à Stálin.[12]

[editar] A crise nos anos 1980

A estagnação econômica e os gastos militares excessivos crescentes começavam a comprometer os bons indicadores sociais e o crescimento econômico, as taxas de crescimento econômico, que nos anos 1950-1960 variaram de 5 a 8%, caiam para menos de 3%, até atingir crescimento zero na primeira metade dos anos 1980. Em 1980 a URSS deixa de ser a segunda maior economia do mundo e é ultrapassada pelo Japão. A estagnação econômica da União Soviética transformou-se em crise ainda nos anos 1970. Entretanto alguns fatores, incluindo a boa administração econômica das autoridades na época permitiram que a URSS mantivesse uma economia planificada por mais tempo. A distensão da Guerra Fria, promovida por Brejnev, permitiu alguma redução dos gastos militares. A alta dos preços do petróleo (1973 e 1979-1980) e das comodities agrícolas permitiu que o país conseguisse aumentar as exportações totais, principalmente em moeda forte. O aumento das exportações permitiu que a URSS continuasse a enviar ajuda militar e econômica aos aliados pobres (principalmente na África), ao mesmo tempo em que reinjetava recursos na economia nacional. Entretanto a mudança de estratégia dos Estados Unidos no fim dos anos 1970 e início dos 1980, com a retomada da Guerra Fria e da corrida armamentista, iria aprofundar a crise soviética.

 
Blindados soviéticos destruídos no Afeganistão.
 

Os custos militares da Guerra Fria já estavam insustentáveis para a URSS no fim dos anos 1970. O pais mantinha forças armadas de quase dois milhões de homens, sendo 1 milhão mobilizados na Europa Oriental. Quando a China se aproxima dos EUA nos anos 1970 e passa a ameaçar a URSS a situação piora. A China estacionou quase 1 milhão de homens nas fronteiras com a União Soviética, e para contrabalançar, esta teve que estacionar outro 1 milhão de homens na fronteira com a China. Os custos desta mobilização permanente começavam a se mostrar insutentáveis no início dos anos 1980 com o envolvimento soviético no conflito do Afeganistão.

A partir de 1978-1979 os Estados Unidos e alguns de seus aliados, como a Arábia Saudita, começaram a financiar e armar os mujahidins fundamentalistas islâmicos no Afeganistão, para que estes lutassem contra o governo socialista que havia se instalado neste país. Na prática os EUA criaram uma armadilha, que foi uma espécie de "Vietnã" para a União Soviética (nas palavras do então Conselheiro de Segurança do governo americano Zbigniew Brzezinski). Ou seja, uma guerra longa, com altos custos econômicos e humanos, sem chances de vitória, lutando contra um inimigo disperso e determinado, que recebia ajuda militar da outra superpotência rival.

Os custos da Guerra do Afeganistão (1979-1989) foram altíssimos para uma economia em crise como a soviética e acabaram tendo o efeito imaginado pelos EUA: estenderam ao máximo e desgastaram profundamente a capacidade econômica e militar da União Soviética. Aos custos da Guerra no Afeganistão somavam-se os custos crescentes da ajuda que o país tinha que enviar a países socialistas muito pobres e em guerra civil, como Angola, Moçambique e Etiópia, cujos governos enfrentavam o recrudescimento dos conflitos internos contra insurgentes apoiados pelos EUA.

Com a queda nos preços internacionais das comodities agrícolas, e principalmente do petróleo, entre 1984 e 1985, a URSS perdeu a principal fonte de divisas externas em moeda forte, e a crise se aprofundou ainda mais, pois o país não conseguia mais pagar suas importações

A situação torna-se desesperadora quando em 1986 ocorre o acidente na usina nuclear em Chernobyl, na Ucrânia. Além dos custos imediatos, o vazamento de radiação contaminou a produção agrícola de grãos da Ucrânia, considerada o "celeiro agrícola da União Soviética". A URSS passou a ter que importar comida e não tinha recursos econômicos para isso. Em uma economia rigidamente planejada isto significou o racionamento de alimentos básicos como pão. A situação de crise profunda abria caminho para o colapso.